8 de jan. de 2009

Palavras quando não são só palavras

Uma das mais belas coisas já escritas sobre o amor e sobre tudo:

Este Amor que afinal, é a minha vida
E que será, talvez, a minha morte,
Amor que me acalora e me intimida,
Que me põe fraco quanto me põe forte;
Este Amor, que é um broquel e é uma ferida,
Vai decidir, por fim, a minha sorte.

Por ele, fica perto o Paraíso,
Por ele, inda mais perto fica o Inferno.
Meu coração soluça de indeciso...
[- Não morrerás, Amor, porque és eterno:
que seria de mim... sem teu sorriso?
Quem, depois do Verão, suporta o Inverno?...]

Põe-me a Dúvida dentro de um presídio
Este infeliz espírito, surpreso.
E essa Dúvida insólita divide-o
Em duas partes de igual peso...
Que ânsia!... E não é possível o suicídio!
Que ânsia!... E não é possível o desprezo!...

Suicidar-me, eu, um revolucionário,
Inimigo do velho romantismo,
e que, revendo o meu Itinerário,
não me arrependo de atos meus, nem cismo?!...
- Que pensamento louco e atrabiliário!
- Que atrabiliário e louco Tantalismo!

Novos amores, para ver se a esqueço,
Procuro, sempre que um de nós se arrufa...
- Planta a findar, da vida no começo –
longe da sua carinhosa estufa,
murcha à saudade, com que desfaleço,
e à ação da chuva, que nas folhas rufa...

A minha vida... não é minha! É dEla.
Ela somente, pois, pode tirar-ma:
E será, por matar-me, inda mais bela,
porque, um dos beijos seus tendo por arma,
numa morte de amor não se revela
um crime, nem indigna, nem alarma...

Este Amor que, afinal, é a minha vida
E que será, talvez a minha morte;
amor que me acalora e me intimida,
que me põe fraco quanto me põe forte,
este Amor... esta aurora... esta ferida,
vai decidir, em breve, a minha sorte.

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